domingo, 31 de maio de 2015

“...BUSCAMOS IDENTIDADE, MAS NÃO SABEMOS EXPLICAR”

Neste Blog no título faço uso de uma frase da música “Independência”, dos compositores - Fe Lemos , Loro Jones , Flavio Lemos , Dinho Ouro Preto, Bozo Barretti, que o Capital Inicial canta. O trecho da música escolhida, diz assim: “Toda essa curiosidade, que você tem pelo que eu faço, eu não gosto de me explicar, eu não gosto de me explicar... Toda essa intensidade, buscamos identidade, mas não sabemos explicar, mas não sabemos explicar...Se paro e me pergunto, será que existe alguma razão, prá viver assim, se não estamos, de verdade juntos...Procuramos independência, acreditamos na distância entre nós, procuramos independência, acreditamos na distância entre nós... Toda essa meia verdade, a qual temos nos conformado, só conseguimos nos afastar, nós aprendemos a aceitar... Tantas coisas pela metade, como essa imensa vontade, que não sabemos explicar, que não sabemos saciar... Se paro e me pergunto, será que existe alguma razão, pra viver assim ...”. 

Uso esta frase para falar de Liderança, você já reparou que existem diversas publicações sobre este tema. Aposto que você já leu uma delas e internalizou que o conceito está associado a quem tem subordinados e que esse papel não é seu, já vou adiantando e dizendo: ...é sim!. 

As empresas quando definem abrangência e profundidade de seus sistemas de gestão, quando vão integrá-los, se deparam com a Liderança, ela está presente: Nos critérios do PNQ – Premio Nacional da Qualidade; na Gestão de Riscos (ISO 31000); na Gestão de Ativos (ISO 55000); na Qualidade (ISO 9001); no Ambiental (ISO 14001); na Segurança e Saúde no Trabalho (ILO – OSH/2001); na Responsabilidade Social (ISO 26000); dentre outras. No entanto esta integração não será foco deste Blog e sim a parte que refere-se à SST.

Este tema é tão sensível que o INSHT – Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo, da Espanha, publicou em 2014 uma Nota Técnica de Prevención – NTP nº 1025: Liderazgo transformador y condiciones de trabajo (I): bases conceptuales. Ele “trata sobre o necessário desenvolvimento da potencial liderança transformadora da Prevenção de Riscos Laborais – PRL, para o seu ganho a “saúde” e a sustentabilidade empresarial. Se complementa com os documentos, aplicados, com as bases de atuação na empresa, e o outro as estratégias e a uma aplicação prática para a avaliação da liderança organizacional desde duas perspectivas: a da excelência empresarial e a de atenção as condições de trabalho segundo critérios do INSHT, com sua mútua inter-relação”. 

No caso da NTP 1025, alguns itens merecem destaque:

a) Os líderes são aqueles que podem influir os outros, mas eles mesmos também são influenciados (Bass - 1985 e Brown – 1988).

b) Sobre a necessidade de conseguir uma responsabilidade compartilhada no desenvolvimento da liderança, ou seja, deve-se gerenciar as pessoas com o fim de que atuem com coerência ao alvo a ser atingido, mas com liberdade (Aranzadi - 1992).

c) É obvio que os prevencionistas deveriam desenvolver tal competência de liderança, não só para que a PRL se implemente com efetividade ante a limitada cultura preventiva existente, e também, para contribuir ao desenvolvimento sustentável das organizações (NTP 1025).

O processo de influencia tem várias direções e elas estão na figura 1, de Peter Smith (1990).


Figura 1. Esquema de Peter Smith sobre a dimensão social e cognitiva da liderança sob um enfoque multi direcional (Fonte: NTP 1025/2014)

A figura 1 estabelece as relações possíveis, nos tópicos listados todos os atores do processo estão listados, apesar dela focar na direção, as repercussões acontecem de forma coletiva e individual nos trabalhadores e isto deve estar na mira dos gestores. Todos precisam da competência Liderança para que a cultura se torne realidade num tempo mais curto.

Na figura 2 está um esquema de liderança propiciador de uma cultura organizacional baseada en valores para construir a excelência empresarial, inspirado en outro esquema do INSHT que está na NTP 946 sobre “Valores y condiciones de trabajo”.


Figura 2. Dinâmica da liderança transformadora da PRL – Prevenção de Riscos Laborais para a construção da excelência empresarial.

A figura 2 não retrata a Gestão de Riscos, que é a origem do Sistema de Gestão Geral da empresa, no entanto ressalta que a valorização das pessoas e de suas condições de trabalho, são fundamentais, para que se provoque um choque de paradigmas, de quem este foco só na produtividade. 

A relevância não é se ter um líder em cada grupo, mas que todos sejam líderes, independente de cargo, credo, status. Um grupo de líderes em que as vaidades e deslumbramento estão submersas é o sonho de consumo de qualquer empresa, porque as coisas vão acontecer mais rápidas, com oportunidades para que cada um defenda suas convicções, uma vez que todos são cúmplices desta aposta no sucesso. 

A Liderança é papel de todos que buscam a integração de valores essenciais, dentre eles a segurança e saúde no trabalho, para a cultura da excelência empresarial. Assim continue buscando identidade, e que suas estratégias e ações tragam um ganho real para se explicar, se não, vai continuar dizendo: ...buscamos identidade, mas não sabemos explicar, mas não sabemos explicar...

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.

Abraços,

ARmando Campos


Referências:

http://www.insht.es/InshtWeb/Contenidos/Documentacion/NTP/NTP/Ficheros/1008a1019/ntp-1025w.pdf

ARANZADI, D. El arte de ser empresario hoy. Bilbao, Edit Deusto, 1992