quinta-feira, 5 de junho de 2014

AQUI NESSE BARCO NINGUÉM QUER A SUA ORIENTAÇÃO, NÃO TEMOS PERSPECTIVA, MAS O VENTO NOS DÁ A DIREÇÃO.

No título faço uso de uma frase da música “Volte para o seu lar”, do Arnaldo Antunes. No trecho da música escolhido, diz assim: “Aqui nessa tribo ninguém quer a sua catequização. Falamos a sua língua mas não entendemos seu sermão. Nós rimos alto, bebemos e falamos palavrão. Mas não sorrimos à toa, Não sorrimos à toa. Aqui nesse barco ninguém quer a sua orientação, não temos perspectiva, mas o vento nos dá a direção. Mas não seguimos à toa, não seguimos à toa. Volte para o seu lar, volte para lá”.

Quando sentei para escrever o Blog tinha acabado de voltar do PREVENSUL em Curitiba, um oásis de conhecimento, um fórum de SST com produção do saber, do estar em sintonia com o nosso tempo. Pois bem apesar do número expressivo de visitantes da feira e dos participantes dos cursos pagos e gratuitos, inclusive um dos cursos que ministrei sobre o eSocial tinha quase 100 (cem) pessoas, eu senti falta de mais gente. Pelo meu ponto de vista deveríamos arrastar multidões, ter tanta gente comprometida em praticar a SST nos locais de trabalho. Talvez nosso canto e nosso “sermão”, não esteja conseguindo atingir o coração e a mente grande maioria dos profissionais de SST, mas fiquei feliz porque veio gente de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, do Sudeste, de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e até do Norte e Nordeste, que além do evento, puderam desfrutar de uma das mais belas cidades do Brasil, que é a linda Curitiba. 

Como tudo que faço é feito com amor, queria dividir este amor com tanta gente de não caber em salas e auditórios, mas não, o que me move, não é o que move outras pessoas. Essas estão em engrenagens que impedem que os que querem participar não possam, e outros além da liberação ficam reféns de que elas paguem, ou seja, não investem em si mesmo, outros porque são acomodados e tantos outros motivos. 


Figura: Pessoas juntas e protegidas (Fonte: www.protecao.com.br) 

Não quero ser agente de mudança, nós todos somos agentes de mudança e quando produzimos conhecimento, deixamos de lado os velhos conceitos, vemos que o horizonte ao invés de ser estreito, é enorme, de uma vastidão de dar medo. Essas interpretações coletivas são muito proveitosas, não só pelo fazer, mas de dar vontade de praticar. Nós somos solitários, em muitas empresas não existe ainda massa crítica sobre SST, então ficamos fazendo aquele solo e com pensamentos pequenos, sem ousadia e criação. 

Mas uma coisa precisa ser destacada, muitos formaram suas interpretações sobre Legislação e Relações de Trabalho e praticam isto, alguns a revelia, sem questionamento, se esta prática está ou não desenhada e quando se veem questionados, criticam o questionador e defendem seus argumentos, como se eles fossem sólidos. Abrem mão de se questionar, de fazer uma reflexão e de deixar a porta aberta, para que outros questionamentos venham e tornem o ser inquieto, com vontade de aprender e criar, porque isto faz parte do escopo de sua missão. É certo que algumas vezes essas questões são menores e chatas, então o melhor livrar-se logo delas, para que perder tempo com isto. Agindo assim separando o joio do trigo, conseguimos ser seletivos, críticos e o retorno disto é descobrir que talento temos. Estando antenado, focado, com esforço e disciplina conseguimos lapidar nossa proficiência e aí só nos resta que as oportunidades surjam, para mergulharmos de cabeça pro sucesso.

No último dia do PREVENSUL não marquei nenhum evento para ministrar, e escolhi dois cursos do talentoso e meu amigo Dr. Luiz Fernando Hormain, para participar, ambos com a qualidade impecável de sempre, anteriormente eu já havia feito dois cursos com ele. Fiquei ali quieto ouvindo, refletindo e traduzindo, mergulhando num oceano de idéias, conceitos, lições de vida e uma predição enorme para nos envolvermos mais, porque a vida é uma dádiva e existem muitas formas de vivê-la, mas é inquestionável o que esses dois cursos mexeram comigo, com as coisas que eu acredito e pratico. Apesar da generosidade dele, só me manifestei, quando achei que poderia contribuir com algo pro grupo, e não senti vontade de retrucar para fazer um duelo, mas sim de enfrentar no meu interior as situações apresentadas que me colocaram em xeque. Que dia proveitoso, como foi bom estar ali, quem é formador de opinião como eu, precisa dar um tempo e ouvir outros facilitadores, se apresentar como participante e interagir com as pessoas da forma como gostaríamos que fosse como quando estamos no comando, transformando o roteiro. 

Como o poeta diz: “... o vento nos dá a direção”, mas nós podemos segurar o leme de nosso barco, ir para águas calmas ou turbulentas, ouvindo sermões e orientações que algumas vezes não nos dizem nada, e quando isso acontece, nossa mão está firme e vai levar nosso barco para o cais com segurança. É assim que ousamos, que nos tornamos melhores e praticamos o bem. Você precisa acreditar nisso, nós “...não sorrimos à toa”. 

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.

Abraços 

ARmando Campos