segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O QUE VOCÊ QUER SABER DE VERDADE

Na linda voz da Marisa Monte, os versos da música “O Que Você Quer Saber de Verdade”, soam como um alerta, dizem assim, “Vai sem direção, vai ser livre. A tristeza não, não resiste, solte seus cabelos ao vento não olhe pra trás. Ouça o barulhinho que o tempo no seu peito faz, faça sua dor dançar, atenção para escutar esse movimento que trás paz, cada folha que cair, cada nuvem que passar. Ouve a terra respirar pelas portas e janelas das casas, atenção para escutar o que você quer saber de verdade”.

Pensando nisto, eu acabo trazendo pro mundo da SST – Segurança e Saúde no Trabalho, e me pergunto, o que quero saber de verdade. Algo me veio, quando li a notícia que no dia 23/04/13 a Organização Internacional do Trabalho (OIT), alertou que as doenças profissionais continuam sendo as principais causas das mortes relacionadas com o trabalho.

Segundo estimativas da OIT, de um total de 2,34 milhões de acidentes mortais de trabalho a cada ano, somente 321 mil se devem a acidentes. As restantes 2,02 milhões de mortes são causadas por diversos tipos de enfermidades relacionadas com o trabalho, o que equivale a uma média diária de mais de 5.500 mortes. Trata-se de um déficit inaceitável, afirma a agência da ONU.

Estes números estão reproduzidos no Quadro I. 


 Quadro I: Números de Acidentes e Doenças no Mundo do Trabalho (Fonte: OIT)

Os dados do Quadro I são números preocupantes, uma vez que o paradigma que temos sobre acidente de trabalho é muito forte. São números que falam por si, parecem coisa de uma civilização do século passado, arraigada no discurso, nas leis, mas com poucas ações efetivas nos ambientes de trabalho.

Onde está a verdade?, nunca fomos tão midiáticos, hoje temos informações em tempo real, temos tecnologia e um ser humano assombrado com o fantasma “stress” não aquele do início da década de 1980, mas um de nova geração, um destes em que em vez de enfrentá-lo, estão na busca de um antídoto.

O dilema é você precisa sustentar sua família, e quando entra para trabalhar, ninguém lhe diz, “venha adoecer!”. Uma geração de pessoas fragilizadas, descartáveis, que negam a realidade, para poderem continuar indo ao trabalho. Seres humanos que em muitos casos não tem a quem recorrer e que por alguns dias ganham um benefício para ficarem em casa, acompanhadas de algo que ninguém quer para si, a dor.

No nosso país, bem por aqui as coisas são diferentes, nossas estatísticas comprovam isto, basta uma leitura na tabela 1, são os números oficiais da Previdência Social.


Tabela 1: Quantidade de acidentes do trabalho, por situação de registro e motivo
Fonte: Anuário estatístico da previdência social – AEPS 2011

Na tabela 1, pode-se observar que na coluna “Doença do Trabalho”, está tudo sob controle, estamos num processo de redução de quase 33%, isto é uma referência para outros países, significa que estamos praticando um “trabalho decente”.

No entanto minha intuição, minhas pesquisas, os reportes que me fazem, não batem com esta “maravilha de desempenho”. O que está acontecendo com o trabalhador brasileiro?, quais as doenças profissionais que eles tem sido acometido?. Taí, uma coisa que eu gostaria de saber de verdade. 

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.


Abraços 

ARmando Campos

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

FAÇA SUA PARTE, EU SOU DAQUI EU NÃO SOU DE MARTE

A linda voz da Marisa Monte começa a cantar a música “Infinito Particular”, dela do Arnaldo Antunes e do Carlinhos Brown, diz assim: “Eis o melhor e o pior de mim, o meu termômetro o meu quilate. Vem, cara, me retrate, não é impossível, eu não sou difícil de ler, FAÇA SUA PARTE, eu sou daqui eu não sou de Marte. Vem, cara, me repara, não vê, tá na cara, sou porta-bandeira de mim, só não se perca ao entrar, no meu infinito particular ...”. Ao ouvirmos a música o pensamento migra para uma viagem nos versos, na sonoridade, e é uma das que mais gosto muito de ouvir com ela.

Como tudo que escrevo tem um fundo musical, este texto conta com este apoio, para fazer uma reflexão de quem está realmente fazendo sua parte.

Na primeira vez que li a NR 12, pensei, que loucura isto aqui, tanta frente aberta, tanta sintonia, que alcance, que dimensão, e fui refletindo, agora temos algo estruturado , podemos ir em frente e aos poucos eliminar tantas mutilações, amputações, punções, prensamentos, e tantas outras lesões em trabalhadores. Uma das primeiras conclusões que tirei, foi, agora vão modernizar o parque industrial brasileiro, vamos ficar mais competitivos, vamos de uma vez por todas sucatear estas máquinas e equipamentos obsoletos e inseguros.




Figura: Cortina de Luz (Fonte: Revista Proteção)

Para não dizerem que estou inventando, basta vez as estatísticas de acidentes do trabalho no Brasil, é só ir ao Anuário da Previdência Social, no Capítulo 31 - Acidentes do Trabalho, item 31.9 - Quantidade de acidentes do trabalho, por situação de registro e motivo, segundo os 50 códigos da Classificação Internacional de Doenças (CID) mais incidentes – 2011. Neste Blog coloco os 15 primeiros como exemplo, na tabela 1.



Tabela 1: Quantidade de acidentes do trabalho, por situação de registro e motivo
Fonte: Anuário estatístico da previdência social – AEPS 2011

Na tabela 1 dos 15 (quinze) primeiros, 12 (doze) são CID - Classificação Internacional de Doenças “S”, que referem-se a Lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas (S00-T98), principalmente Traumatismos. É lógico que nem todos foram produzidos em Máquinas e Equipamentos, mas a grande maioria sim.

Eu e o Engenheiro João Baptista Beck fizemos mais de 20 Seminários pelo Brasil, principalmente nas grandes capitais sobre a NR 12, alguns com mais de 200 (duzentas) pessoas e podemos dizer, que há um desejo coletivo de se aprender mais, misturado com a vontade em se atender os requisitos da NR 12. Estamos FAZENDO NOSSA PARTE, divulgando, construindo conhecimento e levando a mensagem de que acidentes do trabalho com Máquinas e Equipamentos podem ser evitados, se houver um esforço coletivo de todas as partes interessadas. 

No entanto a NR 12 não é unanimidade, alguns continuam com ideias retrógradas, com aquele ranço do passado, da pequenez, da falta de ousadia e propõem, por exemplo:

a) Que não sejam mais elaborados na NR 12 outros Anexos para tipos de máquinas e equipamentos, que ainda não constam na NR , tais como, serra circular, robô, ...

b) Que não sejam mais citadas Normas Brasileiras da ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas em Normas Regulamentadoras, principalmente na NR 12.

Isto é de uma miopia, de quem não sabe do que está falando, ou está muito mal assessorado. Uma vez que:

A decisão de não se ter mais anexos na NR 12 para outras máquinas e equipamentos, é perigosa e deixa tudo para o texto geral da NR 12, ou seja, ao invés de termos regras claras em um anexo específico, o que vai continuar sendo cobrado é o atendimento dos requisitos da NR 12.

Sobre a ABNT está em seu site que “Ela foi fundada em 1940, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – e é o órgão responsável pela NORMALIZAÇÃO TÉCNICA NO PAÍS, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização – ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. É membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização)”.

Assim o fato de o número de uma NBR (Norma da ABNT), seja ela: NBR; NBR NM; NBR IEC; NBR ISO IEC, ...; deixar de ser citada numa Norma Regulamentadora só tira dela o poder de ter multa na NR 28: Fiscalizações e Penalidades, mas ela contínua sendo o Referencial Técnico do país (é o nosso Fórum de Normalização), podendo subsidiar técnicos para qualificar negligências de profissionais e empregadores.

EU E VOCÊ SOMOS DAQUI, NÃO SOMOS DE MARTE, FAÇA SUA PARTE, o Brasil precisa que aqueles que são reativos, deixem de ser e passem a ser proativos e pense que um investimento pesado na proteção de máquinas, quem sabe financiado, como está no PLANSAT, nos dê condições para sairmos desta triste realidade de acidentes com Máquinas e Equipamentos. 


Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.

Referências:
http://www.marisamonte.com.br/pt/musica/composicoes/letra/infinito-particular/ 
http://www.abnt.org.br/  
Abraços, 

ARmando Campos