terça-feira, 3 de dezembro de 2013

SE A INTELIGÊNCIA FICOU CEGA DE TANTA INFORMAÇÃO

O título deste Blog vem da música “Não Olhe Pra Trás”, os compositores são Dinho Ouro Preto / Alvin L., quem canta é o Capital Inicial, o trecho da música que cita o título diz assim: “...se o que é errado ficou certo, as coisas são como elas são, se a inteligência ficou cega, de tanta informação...”. Eu escolhi o título porque tem tudo a ver com o que vou dizer neste Blog.

De 1978 quando foi publicada a Portaria nº. 3214, que aprovou 28 Normas Regulamentadoras, muita coisa mudou, nestes 35 (trinta e cinco) anos vieram outras NRs e atualmente estamos com 36 (trinta e seis). Algumas normas novas causam bastante impacto, como recentemente a NR 35, mas o que tem dado o que falar são as atualizações das antigas, aconteceu com a NR 18, com a NR 10, mas nenhuma delas veio com uma mudança significativa como a NR 12, afinal uma norma que tinha 3 páginas e passou a ter 75 páginas, tem que provocar uma surpresa, provoca desconforto, mas é algo que chega com uma mudança de paradigmas positiva. 


Tenho acompanhado a distância a discussão da Indústria com o Governo sobre a NR 12: Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos, e achei que o tema ficaria restrito à Comissão Nacional Tripartite Temática - CNTT da NR-12 que tem o objetivo de acompanhar a implantação da nova regulamentação, conforme estabelece o art. 9º da Portaria nº 1.127, de 02 de outubro de 2003, mas ele ganhou outros terrenos. 

Ocorre que nas estratégias para defender seu direito, à Indústria levou o tema para a os Ministros da Casa Civil e para o Ministro do Trabalho e Emprego. Posteriormente este tema foi para a Sociedade e para isto usou a mídia, inclusive dois dos maiores jornais do país, a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo. Vamos aos fatos. 

Em 06/07/2013 a Folha de São Paulo publicou o artigo “Novas normas de segurança são alvo de empresários”. A matéria está na Figura 1. 2.



Figura 1: Matéria da Folha (Fonte: Folha de São Paulo) 

Curiosamente exatamente dois meses depois, na terça feira dia 12 de setembro de 2013, o “Estado de São Paulo” publicou a matéria “Norma provoca conflito entre Indústria e Governo”. A matéria está na Figura 2.



Figura 2: Matéria do Estadão (Fonte: Estado de São Paulo) 

A grande maioria que lê os dois jornais é leigo no tema, e da forma como foi colocada alguém vai achar que “querem acabar com a Indústria nacional” ou “o governo quer acabar com a empregabilidade” ou outra ilação qualquer. A sensação que tive ao ler foi de que era matéria paga, de tão parecidas, mas acredito que os dois jornais tem uma história de luta e não se prestariam para isto. Nas duas matérias há um deslize jornalístico, uma vez que todo Editor presa para que se sejam ouvidos todos os envolvidos, e nas duas matérias em momento algum, existe depoimento dos representantes das Centrais Sindicais de Trabalhadores. 

Os profissionais que escreveram as matérias, poderiam ter citado também:


a) O texto da NR 12 foi elaborado por uma Comissão Tripartite, que envolve representantes do Governo, dos Trabalhadores e dos Empregadores, inclusive com um representante da CNI que assinou o texto da Norma, que eles agora veem como mais rigorosa que as europeias e americanas. 

b) Em 2001 a Previdência Social publicou uma pesquisa Coordenada pelo Dr. Rene Mendes, chamada “Máquinas e Acidentes de Trabalho”, que já apontava no Parque Industria Brasileiro, máquinas inseguras e obsoletas. 


c) Cada Acidente Grave ou Fatal com Máquinas e Equipamentos pode gerar uma Ação Regressiva (Artigo 120, da Lei 8213/91 e suas alterações) pela Advogacia Geral da União - AGU, caso se verifique que houve negligência do empregador às Normas Regulamentadoras, este custo pode variar de R$ 300.000,00 à R$ 2.500.000,00, dependendo do caso e este valor daria para adequar muitas máquinas e equipamentos à NR 12. na grande maioria dos casos de Ação Regressiva a Previdência tem ganho. 


d) O Anuário da Previdência Social de 2012, que na quantidade de acidentes segundo o código da Classificação Internacional de Doenças, nos primeiros vinte, 15 (quinze) deles são de CID S, que tratam de traumatismos (lesões), sendo o campeão “ferimento de punho e mão”. Pode-se dizer mas nem todos são acidentes com máquinas e equipamentos, mas eles estão ali. É só observar os dados na Figura 3. 



Figura 3: Quantidade de Acidentes do Trabalho (Fonte: Anuário da Previdência Social de 2012)

e) O Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PLANSAT, construído a partir do diálogo e da cooperação entre órgãos governamentais e representantes dos trabalhadores e dos empregadores (o grifo é nosso), prevê a criação de linhas de financiamento/crédito para a retirada e inutilização de máquinas e equipamentos que não atendam normas de segurança. Está na Estratégia 4.3, da Figura 4. 



Figura 4: Estratégia 4.3 (Fonte: PLANSAT - Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho)


Após o esclarecimento à sociedade, veio a pressão pelos políticos, no dia 5/11/2013 foi apresentado o Projeto de Decreto Legislativo 1389/2013, de autoria do Deputado Federal Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP), pedindo que seja sustada a aplicação da NR 12. Está na figura 5. 


Figura 5: Projeto de Decreto Legislativo 1389/2013 

(Fonte: Nota Informativa do Congresso Nacional – Brasília, 07 de novembro de 2013 – 13h20min)

De forma inédita e nunca realizada antes, a pressão se intensifica agora pelo lado Político, ou seja, se nada deu certo vamos apelar pro Congresso Nacional, o curioso é que o proponente é um defensor dos aposentados, pode ser que ele tenha que ampliar este leque para aposentados mutilados. Tal proposta não tem sentido, porque a NR 12 foi discutida com todos os atores do processo (Governo – Empregador – Trabalhador), não é algo que tenha vindo “de cima para baixo e cumpra-se”. O Deputado tem tido grandes embates na luta pelos aposentados, o que parece é que seus assessores não trouxeram o esclarecimento necessário sobre a questão e ele foi junto. Espero que ele reveja sua posição, não combina com sua história. 

A repercussão da NR 12 está retratada pelo Engenheiro João Baptista Beck em artigo da Revista Proteção deste mês, que revela a importância da norma, ele diz: “A NR 12:2010 é um marco técnico em relação à proteção de máquinas no país, que tem potencial de reduzir drasticamente a ocorrência de acidentes relacionados à operação e a intervenções em máquinas e equipamentos”.

A minha posição é que a NR 12 precisa ser aperfeiçoada nas discussões tripartites, que é o Fórum dela, corrigir o que ficou confuso (ex: 0,5 segundos e entre parênteses 5 segundos, ...), melhorar as figuras (algumas não se consegue ler), inserir o que falta (ex: inversores,...) e principalmente criar novos anexos para outras máquinas (ex: robô, serra circular...), se não ficamos sem critérios específicos para determinadas máquinas e o texto geral ficar pela interpretação de cada um e em paralelo fomentar o financiamento (como está no PLANSAT) de máquinas novas, para modernizar o Parque Industrial Brasileiro, só assim com segurança, saúde e produtividade iremos melhorar nosso desempenho. 

Para encerrar nosso Blog, mas mantendo a essência do que foi dito, só me resta dizer: “Se o que é errado ficou certo, as coisas são como elas são, se a inteligência ficou cega, de tanta informação”.

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.

Referências:

BRASIL. Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A38CF493C0138E890073A4B99/PLANSAT_2012.pdf


Jornal O Estado de São Paulo do dia 12 de setembro de 2013 – Página B4 

Jornal Folha de São Paulo - Novas normas de segurança são alvo de empresários http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/07/1307220-novas-normas-de-seguranca-sao-alvo-de-empresarios.shtml

Revista Proteção nº 263, de novembro 2013

Abraços,

ARmando Campos

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

PREFIRO TER TODA A VIDA, A VIDA COMO INIMIGA, A TER NA MORTE DA VIDA, MINHA SORTE DECIDIDA

O título deste Blog vem da música “Viramundo”, cantada pelo mestre Gilberto Gil, e os autores são: Capinam e o próprio Gilberto Gil, a letra diz assim: Sou viramundo virado, nas rondas da maravilha, cortando a faca e facão, os desatinos da vida, gritando para assustar, a coragem da inimiga, pulando pra não ser preso, pelas cadeias da intriga, prefiro ter toda a vida, a vida como inimiga, a ter na morte da vida, minha sorte decidida. Sou viramundo virado, pelo mundo do sertão, mas inda viro este mundo, em festa, trabalho e pão. Virado será o mundo, e viramundo verão. O virador deste mundo, astuto, mau e ladrão, ser virado pelo mundo, que virou com certidão, ainda viro este mundo, em festa, trabalho e pão”.

 O ano de 2013 tem sido um ano com muitos eventos indesejados, eles estão acontecendo em qualquer lugar do Brasil. Vou destacar quatro deles, o maior o da Boate Kiss, o incêndio em São Francisco do Sul, o do depósito de açúcar no Porto de Santos/SP e o da Arena Pantanal, ocorrido em 25/10. 

A questão é saber como estão sendo investigados estes acidentes, o que está se concluindo como causa?. Uma vez que por trás deste processo temos inúmeras variáveis, desde a formação individual dos investigadores, a independência dos investigadores, o critério de formação da equipe de investigações, as metodologias utilizadas, o tempo de preservação destes locais, os interesses políticos, as influências externas que podem existir, a pressão popular, as reportagens da mídia (escrita, eletrônica, ...), as lições que podemos aprender com eles, dentre tantas outras. 

Na verdade, no Brasil não há uma Instituição com dedicação exclusiva para isto, quem poderia fazer isto seriam os Auditores Fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, inclusive com eles podendo convidar especialistas de outras Instituições do Governo, mas eles estão em número mínimo, e inclusive muitos deles (os novos) sem formação na área de Medicina do Trabalho e de Engenharia de Segurança do Trabalho. 

Os quatro eventos citados, estão no Quadro I.


Quadro I: Exemplos de Acidentes ocorridos no Brasil (Fonte: G1, O Dia, Diário Catarinense, Yahoo, Gazeta Esportiva)

Nos Estados Unidos existe o CSB – Chemical Safety Board, que é uma agência federal independente encarregada de investigar acidentes químicos industriais. Com sede em Washington , DC, membros da diretoria da agência são nomeados pelo presidente e confirmados pelo Senado. O CSB realiza causa raiz investigações de acidentes químicos em instalações industriais fixas. As Causas detectadas são geralmente as deficiências nos sistemas de gestão de segurança. Outras causas de acidentes geralmente envolvem falhas de equipamentos , erros humanos , reações químicas imprevistas ou outros perigos. A agência não tem o poder de emitir multas, mas faz recomendações para as plantas industriais, para as agências reguladoras, como a Occupational Safety and Health Administration (OSHA) e a Agência de Proteção Ambiental (EPA), organizações da indústria , e  Congresso projetou o CSB para ser não- regulamentador e independente de outros órgãos para que as investigações possam , eventualmente, rever a eficácia da regulamentação e cumprimento da regulamentação. 

A equipe de investigação CSB inclui engenheiros químicos e mecânicos , especialistas em segurança industrial, e outros especialistas com experiência nos setores público e privado. Muitos investigadores têm anos de experiência na indústria química. Depois que uma equipe CSB atinge o local do incidente químico , os pesquisadores começam o seu trabalho através da realização de entrevistas detalhadas de testemunhas , como funcionários da planta , gerentes e vizinhos. Amostras químicas e equipamentos obtidos a partir de locais de acidentes são enviados para laboratórios independentes de testes. Os registros da empresa de segurança, inventários e procedimentos operacionais são examinados pelos investigadores, que buscam uma compreensão das circunstâncias do acidente (Fonte: www.csb.gov). 

No Quadro II pode-se verificar a independência do CSB ao concluir seus Relatórios de Acidentes, quando eles concluem que houve fatalidade, eles usam o termo “Fatalities”, quando eles verificam negligências, e um ou mais trabalhadores morreram, eles não usam o termo “death”, e sim “Killed” (assassinado).


Quadro II: Exemplos de Relatórios do CSB (Fonte: www.csb.gov)

Não é preciso dizer que o Brasil precisa de uma Agência Federal independente para investigar acidentes, sejam eles ampliados ou não, mas não com seus membros indicados pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado, mas sim por concurso público, com vagas específicas para: engenheiros de segurança, civil, químico, mecânico, ....; médicos do trabalho, biólogos, físicos, fonoaudiólogos, psicólogos, dentre outras profissões. Devendo ser mantido o foco no lado “técnico”, sem as mazelas das ações políticas. Poderíamos inclusive ampliar isto e não deixar só para acidentes químicos, mas para acidentes de qualquer ramo de atividade, inclusive os ligados a Indústria da Construção. O que falta é vontade política, esperamos que o próximo Presidente da República tome isto como ação de governo, para que enfim possamos monitorar se nossa legislação precisa de ajustes e se à eficácia na segurança e saúde do trabalhador brasileiro.

Para encerrar nosso Blog, mas mantendo a essência do que foi colocado no parágrafo anterior, consideramos que diante dos fatos, precisamos desta Agência, com toda independência possível, estamos firmes, vivos e com voz, pois preferimos “ter toda a vida, a vida como inimiga, a ter na morte da vida, nossa sorte decidida”.

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.

Referências: www.csb.gov

Abraços,

ARmando Campos

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O QUE VOCÊ QUER SABER DE VERDADE

Na linda voz da Marisa Monte, os versos da música “O Que Você Quer Saber de Verdade”, soam como um alerta, dizem assim, “Vai sem direção, vai ser livre. A tristeza não, não resiste, solte seus cabelos ao vento não olhe pra trás. Ouça o barulhinho que o tempo no seu peito faz, faça sua dor dançar, atenção para escutar esse movimento que trás paz, cada folha que cair, cada nuvem que passar. Ouve a terra respirar pelas portas e janelas das casas, atenção para escutar o que você quer saber de verdade”.

Pensando nisto, eu acabo trazendo pro mundo da SST – Segurança e Saúde no Trabalho, e me pergunto, o que quero saber de verdade. Algo me veio, quando li a notícia que no dia 23/04/13 a Organização Internacional do Trabalho (OIT), alertou que as doenças profissionais continuam sendo as principais causas das mortes relacionadas com o trabalho.

Segundo estimativas da OIT, de um total de 2,34 milhões de acidentes mortais de trabalho a cada ano, somente 321 mil se devem a acidentes. As restantes 2,02 milhões de mortes são causadas por diversos tipos de enfermidades relacionadas com o trabalho, o que equivale a uma média diária de mais de 5.500 mortes. Trata-se de um déficit inaceitável, afirma a agência da ONU.

Estes números estão reproduzidos no Quadro I. 


 Quadro I: Números de Acidentes e Doenças no Mundo do Trabalho (Fonte: OIT)

Os dados do Quadro I são números preocupantes, uma vez que o paradigma que temos sobre acidente de trabalho é muito forte. São números que falam por si, parecem coisa de uma civilização do século passado, arraigada no discurso, nas leis, mas com poucas ações efetivas nos ambientes de trabalho.

Onde está a verdade?, nunca fomos tão midiáticos, hoje temos informações em tempo real, temos tecnologia e um ser humano assombrado com o fantasma “stress” não aquele do início da década de 1980, mas um de nova geração, um destes em que em vez de enfrentá-lo, estão na busca de um antídoto.

O dilema é você precisa sustentar sua família, e quando entra para trabalhar, ninguém lhe diz, “venha adoecer!”. Uma geração de pessoas fragilizadas, descartáveis, que negam a realidade, para poderem continuar indo ao trabalho. Seres humanos que em muitos casos não tem a quem recorrer e que por alguns dias ganham um benefício para ficarem em casa, acompanhadas de algo que ninguém quer para si, a dor.

No nosso país, bem por aqui as coisas são diferentes, nossas estatísticas comprovam isto, basta uma leitura na tabela 1, são os números oficiais da Previdência Social.


Tabela 1: Quantidade de acidentes do trabalho, por situação de registro e motivo
Fonte: Anuário estatístico da previdência social – AEPS 2011

Na tabela 1, pode-se observar que na coluna “Doença do Trabalho”, está tudo sob controle, estamos num processo de redução de quase 33%, isto é uma referência para outros países, significa que estamos praticando um “trabalho decente”.

No entanto minha intuição, minhas pesquisas, os reportes que me fazem, não batem com esta “maravilha de desempenho”. O que está acontecendo com o trabalhador brasileiro?, quais as doenças profissionais que eles tem sido acometido?. Taí, uma coisa que eu gostaria de saber de verdade. 

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.


Abraços 

ARmando Campos

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

FAÇA SUA PARTE, EU SOU DAQUI EU NÃO SOU DE MARTE

A linda voz da Marisa Monte começa a cantar a música “Infinito Particular”, dela do Arnaldo Antunes e do Carlinhos Brown, diz assim: “Eis o melhor e o pior de mim, o meu termômetro o meu quilate. Vem, cara, me retrate, não é impossível, eu não sou difícil de ler, FAÇA SUA PARTE, eu sou daqui eu não sou de Marte. Vem, cara, me repara, não vê, tá na cara, sou porta-bandeira de mim, só não se perca ao entrar, no meu infinito particular ...”. Ao ouvirmos a música o pensamento migra para uma viagem nos versos, na sonoridade, e é uma das que mais gosto muito de ouvir com ela.

Como tudo que escrevo tem um fundo musical, este texto conta com este apoio, para fazer uma reflexão de quem está realmente fazendo sua parte.

Na primeira vez que li a NR 12, pensei, que loucura isto aqui, tanta frente aberta, tanta sintonia, que alcance, que dimensão, e fui refletindo, agora temos algo estruturado , podemos ir em frente e aos poucos eliminar tantas mutilações, amputações, punções, prensamentos, e tantas outras lesões em trabalhadores. Uma das primeiras conclusões que tirei, foi, agora vão modernizar o parque industrial brasileiro, vamos ficar mais competitivos, vamos de uma vez por todas sucatear estas máquinas e equipamentos obsoletos e inseguros.




Figura: Cortina de Luz (Fonte: Revista Proteção)

Para não dizerem que estou inventando, basta vez as estatísticas de acidentes do trabalho no Brasil, é só ir ao Anuário da Previdência Social, no Capítulo 31 - Acidentes do Trabalho, item 31.9 - Quantidade de acidentes do trabalho, por situação de registro e motivo, segundo os 50 códigos da Classificação Internacional de Doenças (CID) mais incidentes – 2011. Neste Blog coloco os 15 primeiros como exemplo, na tabela 1.



Tabela 1: Quantidade de acidentes do trabalho, por situação de registro e motivo
Fonte: Anuário estatístico da previdência social – AEPS 2011

Na tabela 1 dos 15 (quinze) primeiros, 12 (doze) são CID - Classificação Internacional de Doenças “S”, que referem-se a Lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas (S00-T98), principalmente Traumatismos. É lógico que nem todos foram produzidos em Máquinas e Equipamentos, mas a grande maioria sim.

Eu e o Engenheiro João Baptista Beck fizemos mais de 20 Seminários pelo Brasil, principalmente nas grandes capitais sobre a NR 12, alguns com mais de 200 (duzentas) pessoas e podemos dizer, que há um desejo coletivo de se aprender mais, misturado com a vontade em se atender os requisitos da NR 12. Estamos FAZENDO NOSSA PARTE, divulgando, construindo conhecimento e levando a mensagem de que acidentes do trabalho com Máquinas e Equipamentos podem ser evitados, se houver um esforço coletivo de todas as partes interessadas. 

No entanto a NR 12 não é unanimidade, alguns continuam com ideias retrógradas, com aquele ranço do passado, da pequenez, da falta de ousadia e propõem, por exemplo:

a) Que não sejam mais elaborados na NR 12 outros Anexos para tipos de máquinas e equipamentos, que ainda não constam na NR , tais como, serra circular, robô, ...

b) Que não sejam mais citadas Normas Brasileiras da ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas em Normas Regulamentadoras, principalmente na NR 12.

Isto é de uma miopia, de quem não sabe do que está falando, ou está muito mal assessorado. Uma vez que:

A decisão de não se ter mais anexos na NR 12 para outras máquinas e equipamentos, é perigosa e deixa tudo para o texto geral da NR 12, ou seja, ao invés de termos regras claras em um anexo específico, o que vai continuar sendo cobrado é o atendimento dos requisitos da NR 12.

Sobre a ABNT está em seu site que “Ela foi fundada em 1940, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – e é o órgão responsável pela NORMALIZAÇÃO TÉCNICA NO PAÍS, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização – ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. É membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização)”.

Assim o fato de o número de uma NBR (Norma da ABNT), seja ela: NBR; NBR NM; NBR IEC; NBR ISO IEC, ...; deixar de ser citada numa Norma Regulamentadora só tira dela o poder de ter multa na NR 28: Fiscalizações e Penalidades, mas ela contínua sendo o Referencial Técnico do país (é o nosso Fórum de Normalização), podendo subsidiar técnicos para qualificar negligências de profissionais e empregadores.

EU E VOCÊ SOMOS DAQUI, NÃO SOMOS DE MARTE, FAÇA SUA PARTE, o Brasil precisa que aqueles que são reativos, deixem de ser e passem a ser proativos e pense que um investimento pesado na proteção de máquinas, quem sabe financiado, como está no PLANSAT, nos dê condições para sairmos desta triste realidade de acidentes com Máquinas e Equipamentos. 


Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.

Referências:
http://www.marisamonte.com.br/pt/musica/composicoes/letra/infinito-particular/ 
http://www.abnt.org.br/  
Abraços, 

ARmando Campos

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA ESTÁ NO DIA A DIA DA SST

Algum tempo atrás vi o filme “Ensaio sobre a Cegueira”, de 2008 produzido pelo Japão, Brasil e Canadá, e dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles. O filme foi rodado em Toronto, no Canadá, em São Paulo e Osasco no Brasil e em Montevidéu no Uruguai. O seu roteiro foi baseado no livro “Ensaio sobre a Cegueira”, de 1995 do escritor português José Saramago, vencedor do Prémio Nobel de 1998. Ele trata de uma epidemia de cegueira que prolifera-se por uma cidade moderna, resultando no colapso da sociedade.


Figura: Cartaz do filme “Ensaio sobre a cegueira (Blindness)”

No meu dia a dia lidando com SST – Segurança e Saúde no Trabalho, tenho reparado que a ficção virou realidade, existe um cegueira disseminada, parece que as pessoas não percebem que precisam enxergar certas coisas. Estou falando de que algumas pessoas que são “partes interessadas” (ex: acionistas, gestores, cargos de chefia, profissionais do SESMT, trabalhadores...) não querem “aprender a pescar”, querem tudo pronto, o peixe pronto servido na mesa acompanhado de: pirão, arroz, salada e pimenta.

Quando se tem um problema o “peixe pronto” reduz o tempo é só executar o modelo criado e enviado por alguém. Eu sou de uma geração que foi preparada para pensar, me lembro quando li “O Velho e o Mar” do Ernest Hemingway, o “Demian” do Herman Hesse e “o Estrangeiro” do escritor francês Albert Camus, livros para pensar e se auto - conhecer.

Hoje as informações estão “chegando” de forma muito rápida, as pesquisas no Google facilitam em muito nossa vida, só que às vezes o que vem, tem estética, bom conteúdo aparente e nos agrada, mas em alguns casos o que está ali é inconsistente e não faz sentido é necessário pensar e refletir para entender que o que está ali não deve ser usado. 

Exemplos sobre a “cegueira” são fáceis de serem identificados, dentre eles listamos:

Apesar do afastamento de vários trabalhadores pela CID F (Transtornos Mentais e Comportamentais), principalmente CID F 32 (Episódios Depressivos), os gestores não estão utilizando metodologias para avaliar os Riscos Psicossociais. Assim, não se tem como atuar na origem dos problemas, minimizando os efeitos nos trabalhadores expostos e inclusive sobre o aspecto financeiro com a redução do FAP (economia para empresa), isto representa uma incerteza para se atingir os objetivos na Gestão de Riscos.

Na grande maioria das empresas não tem Auditores Internos de SST, isto significa uma lacuna fundamental na gestão. Quem está identificando os Pontos Fortes e as Oportunidades de melhoria na Gestão?.

Treinamentos de Espaço Confinado e/ou Trabalho em Altura são realizados por Empresas Contratadas que levam seus equipamentos para a parte prática, tudo ocorre como planejado e este é bem avaliado. Ao seu término eles levam estes equipamentos e na empresa não tem nada similar. De que adiantou fazer este treinamento? 

Uma empresa que tem muitos afastamentos de trabalhadores por doenças ocupacionais, busca uma solução rápida para reverter este quadro. Os gestores então usam um modelo que foi criado para que qualquer empresa use, sem pensar na sua realidade, na cultura existente na empresa e de que este modelo pode até funcionar por um determinado período e depois tudo volta ao normal. De que adiantou fazer esta ação paliativa?

Profissionais de SST vão ministrar treinamentos e pedem arquivo power point pronto, para os amigos, para os grupos, se esquecendo que quem criou o mesmo, tem uma sequência lógica da apresentação, sendo portanto difícil seu uso por outra pessoa que não o criador. Fora que talvez alguns tópicos que são importantes para o desenvolvimento do treinamento, nem constem do arquivo. 

Voltando ao filme do início deste Blog, “ele se passa numa grande cidade, o trânsito é subitamente atrapalhado quando um motorista de origem japonesa, não consegue dirigir e diz ter ficado cego. Ele é ajudado a chegar em casa por um homem, que acaba por roubar seu carro. No dia seguinte ele e a mulher vão consultar um oftalmologista, que não descobre nada de errado com os olhos do primeiro cego. Esse diz ainda que uma "luz branca" impede a sua visão. Pouco tempo depois, todas as pessoas que tiveram contato com o primeiro cego - sua esposa, o ladrão, o médico e os pacientes da sala de espera do consultório - também ficam cegas. O governo trata a doença como uma epidemia e imediatamente coloca de quarentena os doentes, em uma instalação vigiada o tempo todo por soldados armados. A mulher do oftalmologista é a única que não é afetada, mas finge estar com a doença para acompanhar o marido em seu confinamento” (Wikipédia).

Fazendo uma analogia com o filme, a “cegueira na SST” de que falo é de olhos abertos, os acionistas e a alta direção da empresa são os oftalmologistas do filme e o nosso governo não trata esta como uma epidemia, principalmente por não contar em seus quadros com: Médicos do Trabalho e Engenheiros de Segurança do Trabalho (estão em extinção), estas profissões precisam voltar ao quadro de Auditores Fiscais. A cura está no pensar, no aprender a pensar, no aprender a pescar e aqueles que veem este quadro que tracei e fingem estar “cegos”, que saiam desta condição e passem a fazer coro para esta mudança, para esta “nova segurança”, que precisa acontecer, uma vez que é importante começar o quanto antes este processo. Voltem a enxergar!. 

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.


Abraços, 

ARmando Campos

segunda-feira, 8 de julho de 2013

É SEMPRE MAIS DO MESMO

Eu vivo uma coisa de cada vez, isto pode parecer óbvio, mas com isto consigo em algumas vezes levar uma vida atemporal, experimentei isto agora na dor provocada pelo meu joelho e assim passo de alguns prazos, por exemplo, este blog deveria ter saído em junho e já estamos em julho e ele está saindo agora. 

Como nada é por acaso, ele veio após eu ter escolhido três temas: falar de Lock Out & Tag out (tenho sido questionado sobre isto), falar do desmonte da área de SST e por fim falar de continuação de negócios. Algo equilibrado dois temas técnicos e um político, quando escrevo as idéias vão vindo e dão corpo ao texto, em todos os casos tem, uma música de fundo (neste momento escuto Pato Fu), mas a matéria prima que tece seu destino não funciona assim e tudo muda num átimo. Ontem à noite antes de dormir entrei na internet e vi o incêndio no Mercado Municipal de Porto Alegre, mil coisas passaram pela minha cabeça e fui dormir pensando, como isto aconteceu? É sempre mais do mesmo!

Segundo o UOL, um incêndio que se iniciou por volta de 20h30 atingiu na noite deste sábado (6/5/2013) pelo menos três das quatro fachadas do tradicional Mercado Público de Porto Alegre, construído em 1869 e que abriga bares, restaurantes e bancas comerciais. As chamas se alastraram a partir do segundo piso do prédio histórico, em frente à estação do trem metropolitano, no centro da cidade. A estimativa dos bombeiros é de que pelo menos 50% do prédio histórico tenha sido consumido pelas chamas. O andar térreo do Mercado não foi atingido.

A cidade de Porto Alegre/RS é um lugar onde realizei muitos cursos, participei de vários eventos, um local onde meu discurso sempre foi bem recebido. Ela está dentro do meu quadrilátero de atuação profissional, formado ainda por Curitiba/PR, Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP (cidade onde moro), faço por ano muitas viagens para estes locais.

Indo a Porto Alegre vou sempre ao Mercado Municipal (ver Foto 1), mesmo na correria, para comprar Queijo Colonial, e granola com castanha do Pará, alguém pode dizer, mas isto tem em vários lugares do Brasil, mas igual a de lá, não tem não. Além disto, em frente tem um quiosque onde pode-se tomar aquele chopp da hora. E se for na terça feira (não sei se mudou) você pode conhecer e ouvir a Lúcia Severo, uma voz incrível, que infelizmente não é conhecida nacionalmente mas canta pra caramba. 

Foto 1: Mercado Municipal de Porto Alegre (Fonte: www.promoview.com.br) 

A sensação que tenho quando estou por lá, pegando senha para ser atendido para comprar queijo é a mesma que tenho quando estou no Mercado do Ver o Peso (ver Foto 2) na minha terra em Belém/PA, são lugares mágicos onde não existe só o comprar e o vender tem toda uma energia, que se renova, são pessoas do planeta Terra, que irradiam suas energias tornando estes lugares sagrados

Foto 2: Mercado do Ver o Peso em Belém (Fonte: www. http://parahistorico.blogspot.com.br/


Quando vi a foto 3 no UOL bateu aquela pergunta – por que isto?.


Foto 3: Mercado Municipal de Porto Alegre pegando fogo 

A minha pergunta tinha de ter resposta e foi fácil obter a resposta, foi só pesquisar, encontrei alguns casos de incêndio em Mercados Públicos no Brasil, e só este ano o de Porto Alegre já é o terceiro, os eventos foram os seguintes: 

1922: Mercado Modelo de Salvador, Bahia/BA — prédio de 1912 quase totalmente destruído.

1943: Mercado Modelo de Salvador, Bahia/BA — causando danos parciais.

1969: Mercado Modelo de Salvador, Bahia/BA — prédio totalmente destruído.

1984: Mercado Modelo de Salvador, Bahia/BA — incêndio causou sérios danos ao prédio.

1988: Mercado Público de Florianópolis, Santa Catarina/SC — um vazamento de gás provocou um incêndio durante obras

2006 - Agosto: Mercado Público de Florianópolis — 68 das 129 bancas do mercado foram destruídos por um novo incêndio.

2007 – Agosto: Mercado Público Antônio Carneiro, o Mercado da 6, em Natal, no Rio Grande do Norte/RN. 

2013 – Abril: Mercado Municipal de Sena Madureira, no Acre/AC — 20 boxes destruídos. 

2013 – Junho: Mercado Municipal de Bom Jesus da Lapa, Bahia/BA — sete barracas destruídas.

2013 – Julho: Mercado Municipal de Porto Alegre, Rio Grande do Sul/RS — o telhado foi seriamente avariado. Lojas e restaurantes do segundo piso, especialmente os localizados de frente para a avenida Júlio de Castilhos, tiveram perda total.

Diante dos dados levantados (não fui à fundo na pesquisa) podemos ver que a ocorrência de incêndios em Mercados Municipais no Brasil não é tão difícil de acontecer. Agora as autoridades vão dar suas explicações e é óbvio, que se o que eles disserem tivesse sido feito a consequência seria menor.

Tem um disco da Legião Urbana e uma canção do Renato Russo que tem a frase: “É sempre mais do mesmo”, que retrata bem o momento que estamos vivendo. A Norma Regulamentadora NR 23: Proteção contra Incêndio é abstrata os Auditores Fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego tem imensas dificuldades em multar, porque o texto está solto e não se fala de revisão dela.

O duro é ver que mesmo após um incêndio de grandes proporções como o ocorrido na Boite Kiss, nós não temos lições aprendidas. 

REFERÊNCIAS
http://www.portalvitrine.com.br/mercados-publicos-atingidos-por-incendios-no-brasil-news-39009.html

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los. 

Abraços 

ARmando Campos

sexta-feira, 31 de maio de 2013

EU FUI PARA UM EVENTO NUM LUGAR MÁGICO

Eu estou nesta estrada da Segurança e Saúde no Trabalho há muito tempo, percorri este país ministrando cursos, seminários, workshops, em várias cidades brasileiras pela Proteção Eventos, pela ADMC, pela empresa do Aguinaldo, só não fui à Rio Branco/AC, Boa Vista/RO, Macapá/AP e Terezina/PI. Muitas vezes atuando em salas de hotéis, auditórios, em salas de treinamento de empresas, salas em pavilhões, etc. 

Agora em maio isto mudou, fui convidado pela Proteção a participar da I Seminário Paraibano de Segurança e Saúde do Trabalho, em João Pessoa/PB, cidade que já tinha ido outras vezes, mas quando cheguei no local do evento me surpreendi com que vi. O lugar era mágico com um visual incrível, tratava-se da Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, que foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurada no dia 03 de julho de 2008. O complexo possui mais de 8.500m² de área construída no bairro do Altiplano Cabo Branco. A Estação tem a missão de levar cultura, arte, ciência e tecnologia à população.

Figura 1: Prédio do espelho d’ água e Mirante

Quando me dirigi ao prédio do Auditório e de Salas de Aula onde ia me apresentar fui percebendo a energia boa do lugar, mesmo com dificuldades para caminhar eu percorri as rampas do Niemeyer de forma que cada passo era uma conquista e uma ansiedade para entrar em cena.

Figura 2: Prédio do Auditório e Salas de Aula

Antes e após a minha atuação eu fazia questão de percorrer as áreas do complexo e me deparei com:

a) A sensualidade. Tem uma mulher despida no jardim, para acender um desejo. 

Figura 3: Mulher no jardim
  
b) O desafio. Tem um tabuleiro de xadrez no jardim em tamanho considerável, que te chama pro jogo da vida e pro xeque mate a seu favor ou não.

Figura 4: Tabuleiro de Xadrez

 c) A música. Tem caixas de som no jardim, de onde sai uma música muito gostosa de se ouvir.

Figura 5: Jardim da Estação

 d) Um horizonte.Tinha um belo horizonte do mirante, uma cidade pronta para ser conquistada e um mar lindo.

Figura 6: Visão do Mirante da Estação

Ainda mais teve um dia que tomei chuva ao ir para o Hotel, há muito tempo não fazia isto. Foram dias muito gostosos de viver, proporcionados por todas as pessoas que toquei com minha mensagem, e pelo que aprendi com estas mesmas pessoas. Quanto aos  aplausos eles foram um presente que os participantes me proporcionaram.

Assim vim de lá renovado, com muita energia do bem, mesmo com a dor física no meu joelho, fiz o que precisava ser feito e ganhei muito mais, ganhei sorrisos, abraços, o reconhecimento, estimulei pessoas a irem em frente em nossa área, e tenho certeza que plantei uma semente boa num terreno fértil.

Que Deus me de a oportunidade de viver tudo isto de novo.  

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.

Abraços,

ARmando Campos

quinta-feira, 4 de abril de 2013

AUDITORIA EM SST, QUEM TEM?

Em geral quando vou nas empresas, sempre pergunto - “quantos Auditores Internos de Segurança e Saúde no Trabalho você tem?. Em sua grande maioria a resposta é que eles não tem nenhum. Isto me preocupa, porque revela que eles, quando muito, estão planejando e fazendo segurança, mas não estão checando o que fazem. 

Em 2012, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas publicou a revisão da NBR ISO 19011:2012 - Diretrizes para Auditoria de Sistemas de Gestão. Na nova versão constam as seguintes melhorias: 

- o escopo foi ampliado de auditoria de sistemas de gestão da qualidade e meio ambiente para auditoria de sistemas de gestão de qualquer natureza; 

- a relação entre a ISO 19011 e a ISO/IEC 17021/2011 – Avaliação de conformidade – Requisitos para organismos que fornecem auditoria e certificação de Sistemas de Gestão, foi esclarecida; 

- foi introduzido o conceito de risco para auditar sistemas de gestão, tanto o risco do processo de auditoria em não atingir os seus objetivos, como a possibilidade da auditoria interferir nos processos e atividades da organização auditada; 

- foi acrescentado o conceito de confidencialidade como um novo princípio de auditoria; 

- as Cláusulas 5 (Gerenciar Programas de Auditoria), 6 (Planejar e realizar uma auditoria) e 7 (Avaliação de Auditores) da versão de 2002, foram reorganizadas; 

- informações adicionais foram incluídas em um novo anexo B, resultando na remoção das caixas de textos; 

- o processo de avaliação e de determinação de competência da equipe de auditoria tornou-se mais rígido; - o uso de tecnologia para realizar auditoria remota é permitido, como por exemplo, conduzir entrevistas remotamente e analisar criticamente os registros de forma remota.


Figura 1: Buscando o rumo

Na versão de 2007, da OHSAS 18001: Occupational Health and Safety Assessment Series, a definição de Auditoria é: Processo sistemático, documentado e independente, para obter “evidência da auditoria” e avalia-la objetivamente para determinar a extensão na qual os “critérios de auditoria” são atendidos. 

O item 4.5.5 Auditoria Interna, da OHSAS 18001 recomenda o seguinte: 

A organização deve assegurar que as auditorias internas do Sistema de Gestão de SST, sejam conduzidas em intervalos planejados para: 

a) determinar se o Sistema de Gestão da SST: 

1) está em conformidade com os arranjos planejados para a gestão da SST, incluindo se os requisitos desta norma OHSAS; 

2) foi adequadamente implementado e é mantido; e 

3) é eficaz no atendimento à política e aos objetivos da organização; 

b) fornecer informações à administração sobre os resultados das auditorias. 


Programa(s) de auditoria deve(m) ser planejado(s), estabelecido(s), implementado(s) e mantido(s) pela organização com base nos resultados das avaliações de riscos das atividades da organização e nos resultados das auditorias anteriores. 

Procedimento(s) de auditoria deve(m) ser estabelecido(s), implementado(s) e mantido(s) para tratar: 

a) das responsabilidades, competências e requisitos para se planejar e conduzir as auditorias, para relatar os resultados e reter os registros associados. 

b) da determinação dos critérios de auditoria, escopo, freqüência e métodos. 

A seleção de auditores e a condução das auditorias devem assegurar objetividade e imparcialidade do processo de auditoria 

A UNE 81903: Critérios para a qualificação dos Auditores de Prevenção, recomenda que os candidatos a auditores devem ser pessoas abertas, maduras, possuir sentido comum, capacidade de análise, tenacidade, atitude para perceber situações de forma realista, compreender operações complexas desde um ponto de vista geral, assim como compreender a função dos elementos individuais do conjunto de uma organização. 

Das últimas estatísticas divulgadas no Anuário 2013 da Revista Proteção, existem no Brasil perto de 1000 empresas certificadas na OHSAS 18001, este número é muito pequeno em relação as empresas brasileiras. Quem realiza estas Certificações são organizações de terceira parte, elas são normalmente denominadas Organismos de Certificação (OC), ou Organismos de Certificação Credenciados (OCC), quando são credenciadas por um organismo de credenciamento. No âmbito do SINMETRO, o organismo credenciador é o INMETRO. 

Na prática a falta de Auditorias de SST nas organizações revela que a Gestão de SST não está sendo avaliada, muito disto porque não se usa um referencial, tais como, ILO – OSH (Diretriz da OIT), BS 8800 (Norma Inglesa), OHSAS 18001 (Norma de Gestão SST). 

Além disto, algumas empresas tem chamado de Auditoria o que não é Auditoria, por exemplo, marcada uma Auditoria, o Auditor (terceira parte) e o Auditado tem as mesmas Listas de Verificação, inclusive segmentadas por Normas Regulamentadoras. O nome disto é Inspeção e poderia tranquilamente ser realizada por Auditores Internos, afinal este recurso poderia ser usado para algo mais necessário, como medidas mitigadoras, ou melhorias na capacitação, por exemplo. Além do que da forma como está estruturada nossa legislação é impensável analisar uma NR de forma isolada, por exemplo, espaço confinado (NR 33) está na NR 10, na NR 12, na NR 18, na NR 20, na NR 22, na NR 31, na NR 34, ... 

Mude de atitude, reestruture seu Sistema de Gestão de SST, use um referencial ou faça um sistema híbrido, com o que tem de melhor nos referenciais de gestão. Monte seu Grupo de Auditores Internos, veja em que estágio estão suas práticas seguras, sua operação, manutenção e capacitação, você vai se surpreender com o tanto de lições de casa que precisam ser feitas. 

Aleph 

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Abraços 

ARmando Campos

sexta-feira, 1 de março de 2013

COMO ESTÁ SEU PLANEJAMENTO PARA O CURSO DE TRABALHO EM ALTURA

No dia 27 de março de 2013 entra em vigor a exigência do treinamento de Trabalho em Altura da NR 35. Imagino que várias providências estejam sendo tomadas nas empresas para que este requisito seja atendido.

No entanto isto não é fácil, atividades em altura são complexas e que exigem um conhecimento específico, exigindo disciplina e total atenção nos desdobramentos da atividade.

A NR 35 considera trabalho em altura toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda. No entanto no Manual da NR 35 está escrito o seguinte: “O disposto na NR35 não significa que não deverão ser adotadas medidas para eliminar, reduzir ou neutralizar os riscos nos trabalhos realizados em altura igual ou inferior a 2,0m”.

Assim para melhor entendimento algumas situações de queda são: Queda em ou de escadas ou degraus; Queda em ou de escadas de mão; Queda em ou de andaime suspenso mecânico leve; Queda em ou de andaime suspenso mecânico pesado; Queda em ou de andaime simplesmente apoiado; Queda em ou de andaime móvel; Queda em ou de andaime em balanço; Queda em ou de torre de elevadores de obras; Queda em ou de cabina de elevadores de obras; Queda de cadeira suspensa; Queda de periferia de edificação; Queda de plataformas de segurança; Queda de plataformas de proteção em obras; Queda em aberturas existentes no piso; Queda no vão de acesso da caixa do elevador; Queda de poço ou escavação; Queda de ou para fora de outras estruturas; Queda de um equipamento de guindar ou de transportar pessoa e/ou material; Queda durante realização de serviços em telhado; Queda de árvore; Queda de penhasco; Queda de torre ou poste; Outras Quedas de um nível a outro; Outras Quedas no mesmo nível; Queda sem especificação.

Andei fazendo umas pesquisas e entrei no site a AGITRA – Associação Gaúcha dos Auditores Fiscais do Trabalho e encontrei no livro “Embargo e Interdição – Instrumentos de Preservação da Vida e da Saúde dos Trabalhadores”, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul a tabela 5.


Os dados da tabela acima remetem para uma realidade, que não está no nosso dia a dia, uma vez que os números de interdições das atividades em altura são desproporcionais a qualquer outra. Numa ilação acredito que no Brasil não seja muito diferente disto. 

Para começar a implantar a NR 35 é necessário listar todas as atividades de trabalho em altura que são realizadas em sua empresa. Depois fazer uma Análise de Risco de cada uma delas e fazer a seleção de todos os recursos necessários, tais como, acessórios equipamentos de proteção individual, material para resgate... 

Figura 1: Procedimento Operacional X Permissão de Trabalho (Fonte: O Autor)

Algo que merece destaque é que os trabalhadores com seus conhecimentos e experiências devem ser convidados a participar da Análise de Riscos. É isso mesmo, a análise de risco pressupõe um trabalho em equipe, ela deve ser feita para as atividades rotineiras e não rotineiras, conforme está na figura 1. Os riscos que não são aceitos, precisam de tratamento e então deve ser especificada a medida de controle. 

Ocorre que pela NR 35 para todo trabalho em altura é obrigatório fazer a análise de risco, por isto ela está inserida na base da figura 1, mas a pergunta que fica é qual a ferramenta a ser utilizada para que sejam atendidos os requisitos da NR 35. Dentre elas estão, o Job Safety Analysis – JSA, conhecido por aqui como Análise de Risco da Tarefa ou a Análise Preliminar de Risco – APR e a FMEA e Hazop, estas duas citadas no Manual de interpretação e aplicação. Só que a NR 35 (subitem 35.4.5.1) ao tratar da Análise de riscos pede:

35.4.5.1 A Análise de Risco deve, além dos riscos inerentes ao trabalho 

em altura, considerar: 

a) o local em que os serviços serão executados e seu entorno; 

b) o isolamento e a sinalização no entorno da área de trabalho; 

c) o estabelecimento dos sistemas e pontos de ancoragem; 

d) as condições meteorológicas adversas; 

e) a seleção, inspeção, forma de utilização e limitação de uso dos sistemas de 

proteção coletiva e individual, atendendo às normas técnicas vigentes, às 

orientações dos fabricantes e aos princípios da redução do impacto e dos 

fatores de queda; 

f) o risco de queda de materiais e ferramentas; 

g) os trabalhos simultâneos que apresentem riscos específicos; 

h) o atendimento aos requisitos de segurança e saúde contidos nas demais 

normas regulamentadoras; 

i) os riscos adicionais; 

j) as condições impeditivas; 

k) as situações de emergência e o planejamento do resgate e primeiros socorros, 

de forma a reduzir o tempo da suspensão inerte do trabalhador; 

l) a necessidade de sistema de comunicação; 

m) a forma de supervisão. 

A pergunta que faço é a seguinte, tais ferramentas conseguirão detalhar todos estes itens, destaquei em vermelho os pontos que considero que precisarão de uma atenção especial. 

Algumas perguntas que precisam ser feitas para a elaboração da Análise de Risco:

a) Na análise de risco o que você considera “entorno”? 

b) Em que ponto da AR entraria as condições meteorológicas adversas? 

c) O que são riscos específicos? 

d) O que são riscos adicionais? 

e) O que são condições impeditivas? 

f) O que é suspensão inerte? 

g) O que é forma de Supervisão? 

Alguém vai dizer – “Armando isto é fácil de responder. Todas as respostas estão no Manual de Auxílio na interpretação e aplicação da NR 35”. Ok! Eu concordo, agora relacione isto na sua Análise de Risco, você vai ter que fazer um Cadastro de todas estas atividades com registro fotográfico. Além disto algumas empresas já estão com restrição de uso de rádios de comunicação, como ficaria o sistema de comunicação?. E é imperativo que se diga quantos trabalhadores vão estar envolvidos em cada atividade, que a NR 35 não pede mas que deve constar até para não deixar na mão do Supervisor esta decisão. 

Depois definir quem vai realizar as atividades, fazer os exames médicos necessários e avaliação dos riscos psicossociais. Depois devem ser separadas as Atividades de Rotina e Não Rotina, escrever os procedimentos e elaborar a Permissão de Trabalho.
Após isto realizar os treinamentos teóricos e práticos. 
Ainda tem tempo de preparar tudo, pro dia 27 de março de 2013. 

Boa Sorte. 

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Abraços, 

ARmando Campos